terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O choque #2

Passadas duas semanas voltei a consulta com o Dr. C., sempre com a ansiedade do costume. Até às 12 semanas é uma roleta, principalmente para alguém com o meu histórico (o passado não me larga e condiciona o futuro). Estaria neste momento com 9 semanas.
Ecografia vaginal e conclusão: "São três minha querida. Está grávida de três embriões."
Ahhhh???
Três???
Pus as mãos à cabeça... Não podia ser!! Três?? Mas quem é que engravida de três?? Foram os comprimidos que estimularam a ovulação...
Fiquei em choque. Deu-me para rir de tão nervosa que estava. Três??
Não é possível explicar o que senti foram várias sensações mas o pânico era sem dúvida uma delas. Já me tinha habituado à ideia de ter gémeos e agora tinha que fazer o reset. Não eram dois, eram três!!
O Dr. disse-me para ter calma e para ir novamente falar com ele, juntamente com o marido (que não estava presente) passado uns dias, e falaríamos de tudo o que envolve uma gravidez gemelar tripla.
No caminho para casa vim em piloto automático. Não me lembro de ver semáforos nem carros, nada. Pensei na melhor forma de dar a notícia ao pai mas não a descobri.
Cheguei a casa e contei: afinal não são dois, são três. Ele não acreditou.
Ficámos muitas horas a conversar. Chorei imenso, não propriamente de infelicidade mas de medo, angústia. Nessa noite só o T. dormiu, felizmente alheio às angústias que moravam no quarto do lado.

domingo, 23 de novembro de 2014

Comunicação à família #1

Quando engravidei do T, e tendo o histórico que já referi, só contamos à família, amigos e colegas depois das 13 semanas de gestação.
Nessa altura contamos também aos mais chegados tudo por que tínhamos passado. Nessa altura percebemos que quem nos quer bem preferia ter sabido no momento para nos poderem ajudar. A verdade é que naqueles momentos de sofrimento não queríamos ter que falar no assunto ou sequer responder a perguntas que iriam inevitavelmente surgir.
Desta vez, decidimos fazer diferente e contar mais cedo e ir preparando a família. Mas decidimos não contar já que são gémeos.
Um dia em que a minha mãe veio almoçar cá em casa disse-lhe que estava grávida.
- E vocês queriam? Já? O T. ainda é tão pequenino, coitadinho... (A minha mãe teve duas filhas com quase 8 anos de diferença)
Mais tarde a sós comigo:
 - Vcs quantos filhos querem ter?
 - Idealmente três.
 - Três? Nos dias que correm?... Vcs agora têm este e depois desistem e ficam com dois.
O plano era deixar passar uns dias para que se habitue à ideia e depois contar que são gémeos.

Os meus sogros reagiram bem. Para eles um bebé é sempre uma benção.
A grande excitação de ter mais um neto, o terceiro, é que há a esperança que desta vez venha finalmente a desejada menina (os meus sogros têm 3 filhos e 2 netos).
Mas a minha sogra é perspicaz e fica desconfiada que não estamos a contar tudo o que sabemos (deve ser dos anos de experiência como mãe de três rapazes). Mantemos o nosso plano e dizemos que na próxima ecografia saberemos mais pormenores e que a gravidez ainda está no início.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O choque #1

Na primeira ecografia, às 5 semanas, foi confirmada a gravidez e o médico disse-me para o ir ver passados 15 dias. Achei um pouco estranho mas, tendo um histórico tão complicado, pensei que era precaução.
Às 7 semanas lá fui então eu, a horas tardias, pelo que o pai teve que ficar com o T.
Os minutos anteriores a uma consulta ou ecografia durante a gravidez são passados sempre com bastante ansiedade.
Ecografia vaginal, médico concentrado e veredicto: "está tudo bem e é o que me parecia... São 2!"
Um turbilhão de pensamentos invade-me! 2??? Raios! Não estávamos a contar (alguém conta?) Foi um misto de receio e excitação. Dois duma vez dá direito a uma experiência de vida. E na verdade nós sempre falámos em ter três filhos por isso fica resolvido e não há desculpas.
Apesar das coisas boas que ter gémeos pode ter (e acho que sou otimista por natureza), há também algumas coisas menos boas. Veio-me logo ao pensamento o meu filho T. Com gémeos, como é que íamos ter tempo e atenção para ele? Ainda tão pequeno... Se soubessemos que eram gémeos talvez tivessemos esperado mais para engravidar? Ou talvez não? Gémeos? Vamos ter gémeos? Casa, carro, despesas, dinheiro? Tudo me ocorre nestes segundos.
O médico alerta para as complicações que podem surgir já que uma gravidez gemelar é sempre considerada de risco.
Naquele momento não absorvi grande coisa. O meu cérebro estava ocupado a fazer imagens mentais da minha nova família que nem em sonhos (e digo sonhos e não pesadelos) imaginava.


sábado, 8 de novembro de 2014

A confirmação

Teste gravidez positivo. Ficamos felizes mas eu senti logo que estava a trair o T. Não sei explicar mas era como se esta nova gravidez e o bebé a caminho fossem uma traição. Afinal o T. ainda nem tinha dois anos... era ele próprio um bebé e ia perder o protagonismo. Por outro lado, consolava-me acreditar que a melhor prenda que podemos dar a um filho é um irmão. A segurança de se poderem ter um ao outro ao longo da vida. Não há mais ninguém cuja relação seja parecida à de um irmão. Irmãos de sangue ou não, um irmão não tem igual. Mas apesar de tudo, a sensação de traição estava lá.

Ecografia às 5 semanas confirma gravidez. Iniciam-se os procedimentos já conhecidos da gravidez anterior: medicação e injeções na barriga. Vale-nos o avanço da medicina...

o antes

Eu sou a Liliana e tenho 34.
Casei em março de 2009 e em outubro começamos a tentar engravidar. Após dois abortos (é tramado!) e a preciosa ajuda do Dr. C, conseguimos ter o nosso T, saúdavel e lindo.
Dois anos volvidos e, com o desejo de ter uma família grande, idealmente numerosa, repetimos a "receita" que nos deu o T.
E é aqui que começa a história deste blog.